Neste último fim de semana, entre os dias 10 e 12 de outubro, a paixão pelo automobilismo encontrou seu palco sagrado no tradicional Hipódromo de San Isidro. Com a celebração dos 60 anos do Club de Automóviles Clásicos (CAC) como pano de fundo, a 23ª edição da Autoclásica se consolidou como o evento definitivo para entusiastas, reunindo um recorde de 1.250 veículos que contam a história da engenharia e do design mundial.
por Murillo Cerchiari
Fundador The Garage
Nos gramados do Hipódromo de San Isidro, apenas o ronco dos motores mais importantes da história quebrou o silêncio. Neste último fim de semana, a Autoclásica 2025 não foi apenas uma exposição; foi, na verdade, uma peregrinação para milhares de apaixonados que viajaram até a Argentina para celebrar um legado sobre rodas, culminando em uma edição que a história lembrará por sua decisão inédita e pela qualidade inigualável de suas máquinas. Afinal, essa excelência não é por acaso. Em primeiro lugar, a organização, a cargo do CAC desde a fundação do evento em 1998, mais uma vez honrou sua missão: transformar uma exposição em um encontro vibrante com a cultura, a educação e a história.Por isso, especialistas e a comunidade automobilística reconhecem a Autoclásica como um dos oito principais eventos do gênero no mundo, ombreando com gigantes como o Villa d’Este na Itália e o Pebble Beach nos Estados Unidos. Tornou-se, assim, um santuário onde a comunidade, incluindo uma forte presença brasileira, se reúne para compartilhar histórias e admiração.
Uma edição de celebrações e recordes
Com um público de mais de 50 mil pessoas, tributos especiais marcaram a Autoclásica 2025. O evento celebrou com destaque os 70 anos de ícones como o Fiat 600, o Peugeot 403 e o revolucionário Citroën DS. No entanto, os holofotes se voltaram para a emocionante homenagem aos 75 anos da Fórmula 1, evocando a memória do herói nacional e pentacampeão Juan Manuel Fangio, e para a celebração dos 60 anos da Shelby, que antecipou o que estava por vir no pódio.
Para além dos aniversários, o evento ofereceu uma imersão completa na cultura automotiva. Por exemplo, havia pavilhões dedicados a veículos japoneses, americanos, argentinos e aos carismáticos youngtimers, carros com cerca de 20 a 30 anos. Os espaços para veículos militares, máquinas a vapor e o “Barrio de las Motos”, maior do que nunca, provaram que a paixão mecânica não tem fronteiras.
O veredito histórico: Dois reis no Concours d’Elegance
O ponto alto, o tradicional Concours d’Elegance, reservou uma surpresa que entrará para a história do evento. Pela primeira vez, o júri tomou a decisão inédita de coroar dois veículos com o prêmio máximo, o cobiçado “Best of Show”. A escolha celebrou dois mundos opostos, mas igualmente perfeitos em sua essência:
- Ele nasceu com uma missão: destronar a Ferrari em Le Mans. Estamos falando do raríssimo Shelby Cobra Daytona Coupé de 1965, um dos seis únicos exemplares já construídos. Um ícone americano que é, simplesmente, a mais pura expressão da brutalidade funcional e da glória das pistas.
- Ele não buscava vencer corridas, mas sim impor seu domínio sobre a estrada com majestade. Assim é o monumental Rolls-Royce Phantom I de 1926. Pois este exemplar não é apenas um carro; é a própria sofisticação aristocrática britânica transformada em um palácio sobre rodas, um testemunho vivo do luxo e do artesanato de uma era dourada.
Para aqueles que buscaram um pedaço da história para levar para casa, o Autojumble e o Motojumble foram uma verdadeira caça ao tesouro, repletos de peças, livros, miniaturas e memorabilia que completaram a experiência. Portanto, a Autoclásica 2025 fechou seus portões deixando a certeza de que, mais do que preservar carros, ela preserva a paixão que os torna eternos.
As fotografias que ilustram esta publicação foram gentilmente creditadas aos seus respectivos autores. Agradecemos aos seguintes perfis pelo excelente trabalho na cobertura da Autoclásica 2025: @fuel.art, @motor1argentina, @super_autos_argentina e @livit.fotos.
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